DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO RIBEIRENSE
Análise do acesso à Educação Superior, a partir da realidade do povoado de Raspador.
A situação dos estudantes em nosso município, é de enfrentarem muitas dificuldades, com pouquíssimo incentivo para prosseguir os seus estudos. Alguns conseguiram adentrar no universo acadêmico, e representam o futuro de esperança e de transformação da sociedade.
As condições socioeconômicas, transporte e a distância até o local de estudo, são os principais obstáculos enfrentados por eles, no entanto, buscam motivação e acreditam na perspectiva de um futuro melhor, diferente dos seus pais e alguns munícipes.
Edjane Souza de Oliveira, 18 anos, acadêmica do 3º período de pedagogia do polo da Unit, Simão Dias-SE, relatou:
Enfrento muitas dificuldades para chegar até lá, principalmente devido ao transporte, às más condições da estrada e a distância do percurso, que é de cerca de 80 km. O frio e o cansaço da viagem são fatores negativos e exaustivos que enfrentamos frequentemente, porém, tenho certeza que todo esse esforço, no futuro, irá valer à pena.
.Quando indagamos sobre a possibilidade de prestar serviços para a comunidade, depois de formada, ela respondeu:
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Certamente irei ajudar a comunidade em que vivo, pois sei que a minha profissão é determinante e de fundamental importância para formação de cidadãos melhores.
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Certamente irei ajudar a comunidade em que vivo, pois sei que a minha profissão é determinante e de fundamental importância para formação de cidadãos melhores.
A realidade do nosso município, infelizmente, não proporciona aos estudantes a expectativa e possibilidade de realizarem seus sonhos, irem além do Ensino Médio e cursarem uma faculdade/universidade, pois tanto em Ribeira do Amparo, como em determinados lugares do Brasil, os investimentos para com a Educação são insuficientes, como também a mesma não é vista pelos líderes políticos como algo essencial, “vital”, e extremamente necessário para o progresso desta nação, mantendo-se neste paradigma, nosso país caminhará a passos lentos rumo ao desenvolvimento, e ao bem-estar da população.
Entretanto, através de dados coletados de nossas pesquisas com 20 jovens universitários do povoado Raspador, constatou-se o seguinte:
A maior parte dos estudantes cursa áreas voltadas para o ensino, não por amor ou sonho de exercerem a futura carreira, mas por falta ou uma das opções de trabalho em nossa região depois que concluírem os estudos. É importante ressaltar que muitos fazem esse curso por ser de baixo custo. Enfermagem, contabilidade e direito vêm logo atrás, devido aos altos valores de suas mensalidades e despesas, porém oferecem maior remuneração e “status” social.
Dentre os acadêmicos, a maioria estuda em Paripiranga e Tobias Barreto e pretendem ao final de seus cursos, aprofundarem-se ou especializarem-se em suas respectivas áreas, como já dizia Condorcet: O homem que ao terminar sua educação, não continuar a fortalecer sua razão, alimentar como novos conhecimentos os que já adquiriu, corrigir os erros ou retificar as noções incompletas que tiver recebido, logo verá desaparecer todo o fruto de seu trabalho dos primeiros anos, e o tempo apagaria as primeiras impressões que não tivessem sido renovadas por outros estudos.
Em Raspador poucos universitários são bolsistas ou não pagam para estudar, mais precisamente dois gozam deste privilégio, Erik Michel, que passou no vestibular de uma Universidade Federal, e Adriely, por meio do Enem/PROUNI. É muito difícil conseguir tal benefício, sendo a concorrência muito desleal, pois a educação de nosso município não nos possibilita competir de igual para igual contra estudantes de outras regiões.
O PROUNI e o FIES são programas do governo, que possibilitam a entrada de jovens de baixa renda na faculdade, assim sendo, podemos citar o exemplo de Vanderlei Soares dos Santos, 26 anos, agente de serviços e universitário do 4º período de administração da Faculdade Ages, Paripiranga- BA, que faz curso financiado pelo FIES. Filho de dona de casa e lavrador está foi uma das únicas opções que restou-lhe para poder cursar uma faculdade. Ao final do curso pretende especializar-se na sua área, cursar direito e prestar serviços a comunidade abrindo uma consultoria.
(Vanderlei Santos)
Conforme ele: “a prefeitura municipal deveria fazer um convênio com a faculdade, para que os alunos destaque do município pudessem adentrar no ensino superior e também para que os demais se motivassem a estudar e conseguir a bolsa”.
Desta forma, precisamos persistir diante das dificuldades para realizarmos nossos sonhos, mudarmos as “regras do jogo”, transformarmos a sociedade e percorrermos caminhos que nos levem ao progresso, mesmo perante tantos desafios e falta de apoio dos órgãos governamentais que querem nos manter de olhos fechados e estáticos diante da realidade de Ribeira do Amparo.
Assim, devemos acreditar e consolidar com a atitude de arriscar. “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem ou que seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vai ser alguém (...). Quem acredita sempre alcança!” (Renato Russo).
Matéria: Equipe 01 - Terceiro Ano C
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